Na última quinta-feira, 12 de outubro, a influencer bolsonarista Karol Eller, aos 36 anos, suicidou-se em São Paulo, na consequência de uma queda do 5º andar do edifício onde morava, no bairro Campo Belo, zona sul da cidade.
Antes do trágico evento, Karol compartilhou mensagens alarmantes em suas redes sociais, incluindo declarações como “perdi a guerra” e “lutei pela pátria“, indicando que estava em um estado de profunda aflição. A polícia foi alertada por amigos preocupados com suas postagens e já estava no local quando ocorreu a queda. O caso foi registrado como suicídio pelo 27º Distrito Policial (Campo Belo).
Karol Eller, cujo nome completo era Flávia Caroline de Andrade Eller, discutiu publicamente sua depressão e a sua renúncia à homossexualidade em uma live realizada no dia 17 de setembro com o Pastor Wellington Rocha, da igreja Assembleia de Deus. Durante essa conversa, ela afirmou que havia escrito uma carta de teor suicida duas semanas antes de um retiro espiritual que fez em Minas Gerais. Ela declarou que enviou essa carta a um pastor e também a seus seguidores, com o objetivo de explicar as razões por trás de sua decisão e conscientizar os pais sobre como lidar com filhos homossexuais.
Usando uma camiseta com a palavra “renúncia” estampada, o pastor Wellington Rocha expressou sua perplexidade com a morte de Karol em um vídeo publicado por volta das 4h da manhã seguinte ao incidente. Ele também compartilhou uma nota de pesar, enfatizando a importância de não deixar pessoas com depressão ficarem sozinhas, pois a influenciadora digital havia iluminado o mundo com sua autenticidade e luz, e seu legado continuaria a inspirar aqueles que ela cativou.
Além de sua influência digital, Karol Eller também era prima de terceiro grau da renomada cantora Cassia Eller. Antes de se tornar uma influencer, Karol trabalhou como promotora de eventos e compartilhou suas experiências de vida nos Estados Unidos com sua audiência. No entanto, sua vida teve desafios, incluindo a alegação de um ataque homofóbico na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que a polícia descartou na época, ameaçando indiciá-la por denunciação caluniosa.
Em 2019, Karol Eller se aproximou da família Bolsonaro e foi nomeada para um cargo na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). No entanto, em virtude de seu envolvimento nos eventos antidemocráticos de 8 de janeiro, ela foi exonerada no início do ano seguinte.
A morte de Karol Eller destaca as complexas questões relacionadas à saúde mental e à aceitação da identidade sexual, que foram discutidas em sua live com o Pastor Wellington Rocha e através de suas postagens nas redes sociais. Este trágico acontecimento serve como um lembrete do impacto profundo que a depressão pode ter na vida das pessoas, independentemente de suas convicções políticas ou orientação sexual.
Disque 188
A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem a quem precisa, 24 horas por dia.