De todos os incêndios que irromperam em matas na região, nesta quinta-feira (09), certamente o mais devastador foi o que atingiu o assentamento 17 de Abril Horto Florestal Boa Sorte, em Restinga. As chamas, que se alastraram rapidamente, a partir das 10 horas, destruíram plantações de café, hortaliças, animais de criação, insumos agrícolas e até uma casa centenária, levando prejuízos às propriedades onde vivem 160 famílias.
Tamanha devastação deixou o gado sem comida, toda a horta se queimou, o poço artesiano que capta água potável parou de funcionar. Para os moradores do assentamento rural é como se estivessem em um filme de terror que ainda não terminou.
Um estrago ainda não completamente contabilizado pelas autoridades, mas que, segundo a Prefeitura, já equivale à metade de todo o assentamento, um espaço maior, por exemplo, do que de um município do tamanho de São Caetano do Sul (SP).
O Assentamento 17 de Abril Horto Florestal Boa Sorte acolhe desde 1998 160 famílias que sobrevivem da produção de leite, café, hortaliças e hortifrútis em uma área de aproximadamente 1,4 mil alqueires.
Ao percorrerem os lotes nesta sexta-feira (10), agentes da administração municipal já estimam que ao menos 700 deles foram atingidos, o que é equivalente a 16,9 quilômetros quadrados. Mais da metade do que foi queimado, em torno de 400 alqueires, é de uma reserva florestal.
A casa centenária da fazenda, que foi destruida, seria transformada em um centro cultural. Muitos moradores também ficaram sem energia elétrica e abastecimento de água. Parte deles foi abrigada no ginásio municipal durante a noite de quinta-feira.
O estrago, no entanto, deve ser ainda maior porque a maior parte dos terrenos ainda não tinha sido visitada. Além disso, as autoridades encontraram focos que não tinham sido controlados até o início da tarde desta sexta-feira. As causas do incêndio ainda serão investigadas.
O fogo que estava em um canavial rapidamente invadiu um dos lotes por volta das 10h e tomou conta das vegetações e pastos do assentamento. Não havia tempo para mais nada, e o esforço aplicado por moradores, bombeiros e equipes da Prefeitura não foi suficiente.
Difícil também tem sido permanecer no assentamento, sem água potável por conta de danos no sistema elétrico que desativaram os poços artesianos, além do cenário desolador
A prefeitura montou um centro de acolhimento no ginásio de esportes municipal e os moradores organizaram uma campanha para arrecadar itens como roupas, toalhas, colchões, mantimentos e água.
As doações podem ser feitas no ginásio mesmo, que fica na rua Geraldo Veríssimo, 633, no centro de Restinga.
Com informações da EPTV Ribeirão
foto:divulgação