O número de mortos em decorrência do terremoto que atingiu o Haiti na manhã deste sábado (14) subiu para 724, afirmou a Direção Geral de Proteção Civil. Até então, as autoridades calculavam 304 vítimas e 1.800 feridos.
Um dia após a tragédia, o governo haitiano está em alerta para os possíveis impactos da tempestade tropical Grace, prevista para chegar ao país caribenho no início da semana.
Após divulgar o balanço inicial da extensão dos danos causados pelo sismo de magnitude 7,2, a Proteção Civil anunciou que a tempestade já se aproximava do arquipélago das Antilhas e pediu que a população fique atenta às recomendações das autoridades.
A República Dominicana, país fronteiriço com o qual o Haiti divide a ilha de Hispaniola, emitiu um alerta de tempestade tropical. O Centro de Operações de Emergência do país prevê que fortes chuvas, ventos, inundações e deslizamentos de terra são esperados nas costas sul e norte.
A depender dos impactos, a tempestade Grace poderia aprofundar a já frágil situação haitiana. A última avaliação parcial registrava 160 mortes no departamento do Sul, 100 em Grand-Anse, 42 em de Nippes e 2 no Noroeste -todos no sudoeste do país.
A infraestrutura rodoviária está danificada devido aos deslizamentos de terra causados pelo terremoto, e vários edifícios, como hotéis, igrejas e hospitais, com a estrutura destruída ou comprometida.
Durante a madrugada, bombeiros e civis trabalharam para vasculhar prédios destruídos em busca de parentes e amigos presos nos escombros. À agência de notícias Reuters, haitianos disseram que passariam a noite dormindo ao ar livre, com receio de que um novo tremor pudesse atingir o país.
Horas após o primeiro terremoto, o país foi atingido por um novo sismo, de menor intensidade, com magnitude 5,8. Não há informações de novas mortes.
Ao longo da tarde de sábado, o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, sobrevoou as partes mais afetadas do país para mensurar os danos e decretou estado de emergência com duração prevista para um mês. “Devemos mostrar muita solidariedade. Vamos agir rapidamente”, escreveu em uma rede social.
Esse é o primeiro grande desafio que Henry, um neurocirurgião, enfrenta à frente do país. No cargo há pouco menos de um mês, ele fora indicado por Jovenel Moïse, presidente haitiano morto a tiros em 7 de julho por um grupo de mercenários -as investigações ainda se desenrolam.
O papa Francisco expressou solidariedade aos haitianos durante a oração na Praça de São Pedro neste domingo (15). “Envio minhas palavras de alento aos sobreviventes, esperando que a comunidade internacional se mobilize em seu favor e que a solidariedade de todos possa atenuar a consequência da tragédia”, disse o pontífice.
A ajuda internacional já começa a chegar ao país. No sábado, um grupo de 34 resgatistas do Corpo de Bombeiros de Quito, no Equador, chegou para ajudar os haitianos. Eles compõem o Grupo de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas, com conhecimentos em meteorologia, e contam com equipe de busca canina e tecnológica.
Um grupo de 253 médicos cubanos que residem no Haiti também se deslocou para a área do terremoto com o objetivo de adequar a estrutura de um hospital atualmente usado para pacientes com Covid-19.