A ministra do Esporte, Ana Moser, revelou que a pasta não deverá investir em esports. A ex-atleta de vôlei ainda disse não considerar jogos eletrônicos um esporte e lembrou ter lutado contra leis que faziam essa equiparação.
“Eu na minha vida pregressa, à frente da Atletas pelo Brasil [organização que luta por leis e políticas públicas voltadas para esportistas], fiz uma ação muito forte junto ao legislativo para o texto da lei geral não ser aberto o suficiente para ter o encaixe dos esportes eletrônicos. O texto está lá protegendo o esporte raiz. A definição de esporte tinha sido dado uma abertura que poderia incluir esporte eletrônico, e a gente fechou essa definição para não correr esse risco”, comentou hoje (10) em entrevista ao UOL.
A comandante da pasta justificou o posicionamento afirmando que os games são mais entretenimento do que esporte propriamente. Ela ainda fez uma analogia utilizando uma cantora brasileira para elucidar a posição.
“A meu ver o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então você se diverte jogando video game, você se divertiu. O atleta de esports treina, mas a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta, ela é uma artista que trabalha com entretenimento”, argumentou.
Moser disse ainda que games não podem ser comparados com esporte porque são eletrônicos. “O jogo eletrônico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, diferente do esporte”, acrescentou.
Atividade não regulamentada
O mercado de jogos eletrônicos (considerando todos os gêneros de games, inclusive mobile) movimentou US$ 2,3 bilhões no Brasil em 2021. De acordo com a consultoria Newzoo, cerca de 74% dos brasileiros jogam algum jogo digital.
Apesar das cifras gigantescas, o setor de esports ainda caminha a passos lentos para ser regulamentado. Uma das iniciativas que tenta a regulamentação da atividade é o Projeto de Lei do Senado 383/2017, de autoria do senador Roberto Rocha (PSDB/MA).
Atualmente ainda em tramitação, o PL define como esporte as “atividades que, fazendo uso de artefatos eletrônicos, caracteriza a competição de dois ou mais participantes, no sistema de ascenso e descenso misto de competição, com utilização do round-robin tournament systems, o knockout systems, ou outra tecnologia similar e com a mesma finalidade”.
O projeto chegou a sofrer críticas em 2019 porque parte da comunidade gamer reclamou que não foi consultada e dizia que alguns trechos poderiam prejudicar a atividade de jogadores profissionais.
A regulamentação dos esports ainda é um assunto polêmico. Contudo, somente a partir de legislações do tipo é que os pro-players terão acesso a fomento público, sendo dinheiro a partir da Bolsa Atleta, por exemplo, e que empresas terão incentivo financeiro para investir no mercado.
Créditos: Tecmundo
Imagem: Jovem Pan