Membros da Academia Francana de Letras participaram de uma Assembleia Geral Extraordinária na noite da última quarta-feira, 14, para deliberar sobre a renomeação de três das suas 40 cadeiras. O encontro aconteceu na Casa da Cultura e do Artista Francano “Abdias do Nascimento”, e contou com a presença do presidente do órgão, José Lourenço Alves, e de outros nove acadêmicos: Lúcia Helena Brigagão, Carlos Roberto Goulart (“Carogo”), Silvio Garcia, Perpétua Amorim, Cirlene de Pádua, César Colleti, Baltazar Gonçalves, Tânia Mara Pinto e Bruno Piola.
O objetivo do encontro era o de decidir se os patronos de três cadeiras seriam substituídos por escritores que tivessem vínculo efetivo com Franca. A primeira cadeira a ser deliberada foi a de número 12, cuja patronesse é Cora Coralina. A proposta, apresentada pela acadêmica Lúcia Helena Brigagão após sugestão de José Lourenço, era de substituí-la pela colunista social Sônia Pizzo, a Patrícia, falecida no ano passado. Lúcia é a atual ocupante da cadeira 12.
“Fiquei surpresa quando me foi pedida autorização para que ela [Patrícia] fosse a patronesse da cadeira que ocupo nessa casa de cultura. Fiquei surpresa e honrada. Surpresa, porque ela publicou um livro – de receitas! Honrada, porque a mulher que escreveu e registrou momentos de glória de nossa cidade e de cidadãos de todas as classes sociais deverá ser, no futuro, referência histórica para pesquisadores e futuros cidadãos francanos”, defendeu Lúcia durante a reunião, aproveitando para mostrar o livro de receitas escrito por Patrícia aos presentes. Colocada em votação, a troca de patronesses foi aceita por 7 votos a 2 (o presidente só vota em caso de empate).
As outras duas mudanças também foram aprovadas: por 7 votos a 2, o patrono da cadeira 14 deixou de ser Érico Veríssimo e passou a ser Moisés Maia. Já a cadeira de número 34, por 8 votos a 1, terá como novo patrono José Eurípedes de Oliveira Ramos. Anteriormente, tal posição era ocupada pelo poeta parnasiano Olavo Bilac.
Moisés Maia, conhecido como o “poeta da enxada”, nasceu na cidade de Cruzília (MG) e viveu em Franca a partir da década de cinquenta. Faleceu em 1970, aos 73 anos. Já José Ramos, conhecido como “Joca”, foi um dos membros fundadores da Academia Francana de Letras e um dos seus presidentes. Nasceu em Franca em 1937 e morreu em 2017, aos 80 anos de idade. Formou-se em Direito e Economia, foi vereador na Câmara Municipal de Franca e secretário de Educação e Cultura na Prefeitura da cidade. Entre as suas obras literárias, estão “Direito Administrativo” (1969), “Macroeconomia” (1970), “Comentários à Lei Orgânica do Estado de São Paulo” (1971), “Retalhos” (2000) e “Retratos” (2004).“As mudanças dos patronos das cadeiras foram muito importantes para a Academia, a qual sinaliza que valoriza personalidades locais da literatura. A homenagem à Patrícia também é um gesto em direção à diversidade. Ela era escritora mas se tornou muito mais conhecida como colunista social. Patrícia mereceu se tornar uma patronesse da Academia por ser uma pessoa destacada e um baluarte da nossa História”, comentou o presidente da Academia, José Lourenço Alves.
Bruno Piola/Assessor Imprensa AFL
Fotos/ Bruno Piola