Durante a última sexta-feira e sábado, 15 e 16 de julho, passou por Franca pela 1° vez o espetáculo teatral, também musical ”Luíza Mahin… eu ainda continuo aqui”. Foram 2 noites de apresentações impecáveis e teatro lotado. O Circuito Sesi traz a história de Luísa Mahin que foi trazida para o Brasil como escrava. A Coluna Cairo Still entrevistou o elenco com exclusividade.
Estivemos na noite do último sábado, 16 de julho no Teatro Sesi e realizamos entrevistas exclusivas com todo o elenco do espetáculo, onde desde os bastidores nessas conversas para elaboração da matéria já sentimos muita emoção e ficamos comovidos com a história de Luíza Mahin, a mesma história que não consta nos livros de história e sobrevive por conta de artistas que circulam o país multiplicando esses saberes com novos públicos. Precisamos confessar que o acompanhamento musical percussionista de Regina Café é fabuloso e embala todo o espetáculo, com detalhes que ajudam a plateia a sentir e absorver os momentos apresentados da vida de Luíza e de outras mães injustiçadas. Regina toca diversos instrumentos ao vivo durante o espetáculo, somado a efeitos visuais de iluminação, cenários e de sonoplastia impecável. A peça traz fortemente a mensagem de dor, tristeza e indignação compartilhada por milhares de mães pelas comunidades periféricas do país que possuem seus filhos, filhas e filhes arrancades pelas mãos do estado, seja por impunidade, desgoverno, seja por covardia de ações policiais, que invadem os morros e comunidades diariamente. Essa ponte que a peça traz reflete também na luta do filho de Luíza Mahin, o Luís Gonzaga Pinto da Gama, popularmente conhecido por Luíz Gama.
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O espetáculo já recebeu premiações como:
▪️ Melhor espetáculo mostra de teatro de Varginha (2021);
▪️ Melhor atriz a Marcia Santos na Mostra de teatro de Varginha (2021);
▪️ Melhor atriz a Cyda Moreno, no 13º Festival de teatro de Varginha
e teve Marcia do Valle indicada ao Prêmio APTR (RJ) de Melhor atriz coadjuvante (2021).
Falando sobre sua história, Luíza nasceu em Costa Mina, na África, no início do século XIX, foi trazida para o Brasil como escrava. Pertencente à tribo Mahi, da nação africana Nagô, Luísa esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX. Quituteira de profissão, de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838). Caso o levante dos malês tivesse sido vitorioso, Luísa teria sido reconhecida como Rainha da Bahia. Como negra africana, sempre recusou o batismo e a doutrina cristã, e um de seus filhos naturais, Luís Gama (1830-1882), tornou-se poeta e um dos maiores abolicionista do Brasil. Descoberta, Luísa foi perseguida, até fugir para o Rio de Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente, deportada para Angola, Não existe, entretanto, nenhum documento que comprove essa informação.
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O espetáculo também traz bastante da história do Luíz Gama. Filho de Luíza e de um branco português, Luiz Gama nasceu livre, na Bahia, em 1830. Mas, ainda criança, acabou sendo vendido pelo pai, e levado para São Paulo para ser escravizado. Aos 17 anos, aprendeu a ler e escrever. Em seguida, reivindicou sua liberdade ao seu proprietário e conseguiu. Alguns anos depois, Gama se tornou rábula (advogado auto-didata, sem diploma) e fez da profissão uma forma de luta contra a escravização. Com sua oratória impecável e seus conhecimentos jurídicos, conseguiu libertar mais de 500 escravizados. Morreu em 1882, seis anos antes de ver seu sonho se realizar: o fim da escravização no Brasil.
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O emocionante espetáculo ”Luíza Mahin… eu ainda continuo aqui” conta com a atuação brilhante dos artistas Cyda Moreno, Marcia Santos, Jonathan Fontella, Taís Alves e Marcia do Valle, conta também com o talento de Regina Café na percussão, tocando ao vivo diversos instrumentos durante todo espetáculo e conta com direção artística e corporal de Édio Nunes e em Franca também presente o produtor Igor Veloso.
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Você encontra mais informações sobre o espetáculo ”Luíza Mahin… eu ainda continuo aqui” nas redes sociais oficiais:
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