A Frente Parlamentar contra o Coronavírus da Câmara Municipal de Franca colheu o depoimento do secretário municipal de Saúde, Lucas Souza, na manhã deesta segunda-feira, 24, depois de ouvir a enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Marina Guedes de Freitas.
Compareceram os vereadores Donizete da Farmácia (MDB), o presidente da comissão; Carlinho Petrópolis Farmácia (PL), o vice-presidente; e os membros Gilson Pelizaro (PT), Marcelo Tidy (DEM), Lurdinha Granzotte (PSL) e Daniel Bassi (PSDB), além de funcionários da Casa de Leis.
Lucas iniciou sua fala explicando como se deu a vacinação contra a covid-19 desde o início. O primeiro grupo a receber as doses foi o de profissionais da saúde da linha de frente. Com o recebimento de doses adicionais, a aplicação foi estendida a todos os que trabalham nessa área. Durante a imunização de idosos, apareceram as primeiras sobras técnicas (também chamada de xepa), o que levou o secretário a tomar decisões sobre o que fazer com elas. “Era nítido que alguns profissionais de saúde tinham ficado para trás. Se tem doses sobrando, eles precisam ser vacinados primeiro”, explicou.
Souza passou tal recomendação ao então responsável pela Vigilância Epidemiológica, Cleber Benedito, durante reuniões e em mensagens por aplicativos de celular. Cleber teria aparentemente consentido, e informado Lucas, inclusive via ofício datado de 24 de abril, que os profissionais de saúde estavam sendo imunizados com a xepa. Contudo, a Vigilância estava aplicando doses em idosos também, contrariando as ordens do secretário sem o seu conhecimento. A decisão de Cleber teria levado, então, à vacinação de parentes de funcionários do órgão dentro dessa faixa etária. “Achava que apenas trabalhadores de saúde estavam sendo vacinados com as sobras, não sabia que estavam imunizando familiares”, alegou o secretário, que ainda não se vacinou.
Durante o seu depoimento na semana passada, o ex-chefe da Vigilância Epidemiológica alegou que a orientação para vacinar idosos partiu da responsável pela Vigilância Epidemiológica do DRS (Departamento Regional de Saúde). Lucas rebateu a informação, ressaltando que era o superior de Cleber. Portanto, as suas ordens é que deveriam ter sido respeitadas.
Segundo Lucas, cabia à Vigilância fazer a triagem de nomes de profissionais de saúde encaminhados por hospitais. Alguns nomes não puderam ser contemplados naquele momento, pois se tratava de advogados e operadores de telemarketing dos centros de saúde. Ou seja, não eram trabalhadores da linha de frente. Também competia ao órgão a elaboração de uma lista de espera oficial para o recebimento da xepa, o que só foi feito neste mês, após a exoneração de Cleber e do responsável pela Vigilância Sanitária, Caio Carvalho. “A demissão deles partiu do prefeito Alexandre Ferreira (MDB) para que a auditoria municipal pudesse obter documentos com mais facilidade e transparência”, disse Souza.
Os vereadores também fizeram perguntas ao secretário sobre a falta de protocolos de segurança no Pronto-Socorro, como pessoas andando sem máscaras pelo local, e a possibilidade de o Hospital da Caridade ser utilizado como hospital de campanha. Sobre o primeiro ponto, Lucas esclareceu que o Pronto-Socorro precisa atender todos que chegam. “Não podemos deixar ninguém morrer”, alegou, acrescentando que irá corrigir eventuais falhas de segurança. A respeito do centro de saúde do IMA (Instituto de Medicina do Além), ele afirmou que faltam profissionais para fazer o Hospital funcionar, o que talvez exigiria a contratação de uma OS (Organização da Saúde). “A Prefeitura já tem um projeto em mãos, mas falta custeio”, informou.
Por fim, Lucas afirmou que as máscaras de mergulho “full-face” ainda não estão sendo utilizadas na rede municipal de saúde porque o tratamento necessita de fisioterapeutas, os quais ainda não foram contratados. Os equipamentos diminuem a necessidade de intubação em 50% dos pacientes internados com covid-19. Donizete comentou a fala de Lucas:
“Depois das oitivas da semana passada, houve algumas informações que geraram dúvidas entre os vereadores, principalmente com relação à aplicação da xepa. Nós as tiramos com o secretário, que explicou que suas determinações não estavam sendo cumpridas”.
Bruno Piola/Comunicação Institucional Câmara