Cheque em branco
Até aliados próximos de Lula gostariam que ele mudasse certo trecho da entrevista à revista Time quando fala que “não discute política econômica antes de ganhar as eleições’. E emendava: “Primeiro, você precisa ganhar para depois saber com quem você vai compor e o que você vai fazer”. Esses aliados alegam, com lucidez, que nenhum eleitor quer dar cheque em branco a candidato algum e menos ainda quem usa como aval seus mandatos anteriores. Acham mais que mandatos anteriores estão ligados à corrupção que imperava.
“Única”
Gilberto Kassab, dono do PSD, considera difícil, mas não impossível uma aliança da legenda com o pré-candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes. Para ele, Ciro “é a única terceira via” e seria “extraordinária” opção de candidatura para enfrentar a polarização Lula-Bolsonaro. Outros caciques da sigla pensam um tanto diferente: acham que a aliança pode sair quando Ciro alcançar, pelo menos 10% de intenção de votos nas pesquisas.
Vice, não
Depois da decisão do União Brasil de lançar uma chapa pura encabeçada por Luciano Bivar, as cúpulas do PSDB e do MDB admitem um acordo para indicar o ex-governador de São Paulo João Doria como vice na chapa da senadora Simone Tebet (MS). Os dois partidos manterão 18 de maio como data do desfecho das negociações. Detalhe: Doria ameaça recorrer à Justiça Eleitoral para garantir o resultado das prévias do PSDB e não quer nem ouvir falar na possibilidade dessa chapa e Simone não quer ser uma vice de “batom e salto alto”.
Mais dois
Lula parece querer aumentar sua coleção de tropeços. Na semana passada, disse que o deputado Arthur Lira quer ser “imperador do Japão”. Depois, teve de engolir a correção: quem manda no país asiático é o primeiro-ministro. Depois, se confundiu com o mapa paulista: em visita à cidade de Sumaré, saudou a população de Avaré. Os dois municípios são separados por mais de 200 quilômetros. Detalhe: uma ala do PT acha que ele deveria consultar um médico – preferivelmente geriatra.
Desiludido
Do alto de seus 94 anos, completados no domingo (1º), Delfim Netto olha o quadro eleitoral polarizado entre Lula e Jair Bolsonaro e não deixa por menos: “Estamos caminhando a passos largos rumo ao subdesenvolvimento acelerado”. Antes um entusiasta da candidatura do petista para comandar o país pelos próximos quatro anos, Delfim tem se mostrado desiludido com o discurso de Lula: “Ele se excedeu”.